Na Catavento, o período de adaptação das crianças da Educação Infantil à escola é acompanhado pela equipe com muita seriedade e sensibilidade.
Após a entrevista inicial com os responsáveis, a adaptação é marcada, e deve ser gradual e de acordo com o ritmo da criança (pode durar dias ou meses). A família e a criança recebem atenção individualizada e alguém com quem a criança tenha vínculo afetivo deve estar presente na escola num processo de afastamento gradativo. Os hábitos da criança são mantidos no início e a escola vai introduzindo as mudanças aos poucos.
Confiram algumas dicas importantes, que facilitam o processo de adaptação:
– Quando a criança entra na escola, não é só ela quem está em adaptação, mas também a família e a própria escola. É uma situação nova para TODOS.
– A separação, apesar de necessária, é um processo doloroso tanto para a criança quanto para a mãe e/ou pessoas do convívio diário da criança.
– Nos primeiros dias, é fundamental que alguém que represente uma figura de confiança para a criança permaneça com ela na escola (pai, mãe, avó, babá, etc.). O tempo de duração do período de adaptação depende de cada criança. É preciso respeitar o tempo dela.
– O responsável que permanecer na escola deve intervir o mínimo possível nas atividades e evitar se antecipar a atender às necessidades da criança. Assim, fica claro para a criança que é ao educador que ela deve recorrer quando estiver na escola. Por isso, incentive a criança a procurar a ajuda do educador quando precisar de algo, para que seja estabelecido um vínculo afetivo e de confiança.
– A vinda da criança para a escola deve ser preparada (é importante sempre conversar com a criança sobre qualquer fato novo que esteja para acontecer em sua vida, para que ela se sinta segura, respeitada e não sinta a novidade como algo ameaçador ou desencadeador de ansiedade). Mas isso não significa longas despedidas ou conversas do tipo que mostre para a criança que ela terá que ficar “sozinha”, pois isso pode gerar insegurança.
– É fundamental que os responsáveis evitem ao máximo as faltas nessa fase. A frequência irregular prejudica o estabelecimento do vínculo da criança com a escola. A criança pequena precisa ter uma rotina e uma constância de lugares e pessoas no seu dia-a-dia, para que consiga se organizar internamente e se sinta segura.
– Quando mudanças importantes na vida da criança coincidem com a entrada na escola (troca de residência, retirada da chupeta ou fraldas, troca de mobília do quarto da criança, mãe grávida, perda de parente próximo ou animalzinho de estimação…) o processo de adaptação merecerá especial atenção, tanto por parte da escola quanto da família. É importante evitar grandes mudanças nessa fase.
– Criança com irmãozinho nascido recentemente, dificilmente virá para a escola com tranquilidade.
– O choro na hora da separação é frequente e nem sempre significa que a criança não queira ficar na escola. Da mesma forma, a ausência do choro não significa que a criança não esteja sentindo a separação.
– Não force com violência ou ansiedade a criança a ficar na escola.
– Evite comentários sobre a adaptação da criança em sua presença.
– Cabe à pessoa que trouxer a criança entregá-la ao educador, colocando-a no chão e incentivando-a a ficar na escola. Não é recomendável deixar o educador com o encargo de retirar a criança do colo.
– NUNCA saia escondido do seu filho. Despeça-se naturalmente. Mesmo que ele chore, é sempre melhor dizer a verdade do que tentar enganá-lo, pois a confiança é a base para uma boa adaptação.
– Se os pais optaram por uma escola, é porque confiam na equipe, já visitaram o espaço físico, já conheceram o funcionamento, sentem segurança em relação ao lugar onde estão deixando seu filho. Esta segurança na separação deve ser perceptível à criança, que suportará melhor a nova situação. Lembre-se: a criança sempre sente quando os pais estão ansiosos ou inseguros.
– Evite criticar ou repreender a criança por seu comportamento na escola caso ela chore ou se recuse a participar das atividades. A criança precisa se sentir compreendida e acolhida para que possa se expressar. Sentir saudades dos pais, raiva ou tristeza é normal, todos nós sentimos. Por isso, devemos acolher e respeitar o que a criança sente, e jamais ignorar, menosprezar ou diminuir, dizendo coisas como “não foi nada”, “isso é bobagem” ou “você está chorando sem nenhum motivo”. Assim, a criança aprende, através do adulto, a identificar e aceitar seus sentimentos, e também a lidar com eles.
– Às vezes ocorrem algumas regressões de comportamento durante o período de adaptação, assim como alguns sintomas psicossomáticos (febre, vômitos, etc.).
– A ambivalência de sentimentos é comum nessa fase. O desejo de autonomia da criança e a necessidade de proteção ocorrem simultaneamente.
Daniela Santos (Coordenadora Pedagógica) & Rita Melo (Psicóloga)