O trabalho pedagógico no Maternal traz muitas singularidades.
Quem vê as crianças deste grupo no início do ano, chegando ainda muito identificados com os bebês, não imagina quanto crescimento terão ao longo desta etapa tão rica. Crescimento conquistado aos poucos…
Nosso primeiro foco ao receber as crianças é o ACOLHIMENTO. Acolhimento às crianças. Acolhimento às famílias. Muitos estão frequentando a escola pela primeira vez. Outros vêm do Berçário, e estão conhecendo um novo espaço, uma nova rotina e novas pessoas. E como as novidades, por melhores que sejam, assustam inicialmente aos adultos, imagine aos pequenos!
A criança nessa faixa etária, precisa de rotina, de previsibilidade para se sentir segura. Precisa estar em um ambiente conhecido, com adultos com quem tenha um bom vínculo afetivo. Tudo isso precisa ser construído, e construir leva tempo… Um tempo que precisa ser respeitado. Por isso, no início deixamos que a criança explore os ambientes livremente, priorizando a área externa (mesmo as crianças que já nasceram na era dos eletrônicos, quando pequenas ainda adoram um quintal, felizmente!). Observamos que através da brincadeira livre e espontânea, a interação entre os pequenos é favorecida, permitindo que o educador conheça melhor cada um. Do que gostam de brincar?Como se relacionam? Tomam a iniciativa de se aproximar? Aceitam o contato com as outras crianças? São ativas na exploração do ambiente e dos materiais? Que objetos escolhem?
“A criança nessa faixa etária precisa de rotina, de previsibilidade para se sentir segura. Precisa estar em um ambiente conhecido, com adultos com os quais tenha um bom vínculo afetivo. E tudo isso precisa ser construído. E leva tempo. Um tempo que precisa ser respeitado.”
Daniela Santos
Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil
Aos poucos, começamos a convidar as crianças para brincadeiras e atividades, planejadas com o objetivo de promover a integração. Brinquedos cantados, histórias, massinha, desenho, pintura, elementos para colagem, blocos de construção, bonecos, carrinhos e utensílios de cozinha são algumas das atividades oferecidas.
Nessa faixa etária o tempo de concentração da criança é pequeno, e a enorme quantidade de estímulos novos a serem explorados não permite que permaneça em uma mesma atividade por muito tempo. Por isso, o planejamento deve ser bastante flexível, respeitando o ritmo do grupo e de cada um dentro do grupo.
Sendo assim, as etapas da rotina diária High Scope, que norteiam o trabalho pedagógico na Catavento, vão sendo apresentadas gradativamente. O currículo High Scope prevê uma rotina diária consistente que apóie a aprendizagem ativa da criança. Esta rotina permite às crianças antecipar aquilo que acontecerá a seguir em cada momento do seu dia pré-escolar.
O momento da Roda de boas vindas, o “Planejar-fazer-arrumar”, os tempos de “pequeno grupo” e “grande grupo” vão sendo construídos e começam a fazer sentido para as crianças. A essa altura, elas já estabeleceram o vínculo com as educadoras, a convivência com os amigos é motivo de alegria e o ambiente conhecido já transmite segurança.
O foco agora é a construção de hábitos, como usar o vaso sanitário, beber no copo, comer com autonomia, guardar brinquedos… cada um ao seu tempo, como deve ser. Estas etapas geram conquistas importantes, que também fazem parte do trabalho pedagógico.
Nesse processo, a ampliação da socialização esbarra no egocentrismo típico dessa fase. Surgem os conflitos, as disputas, as mordidas. Ser capaz de substituir os gestos impulsivos por palavras leva tempo e as reações são ainda muito corporais. Começamos então um longo trabalho de construção de valores: respeitar o amigo, esperar sua vez, dividir, compartilhar, ajudar…
Os desafios motores também se intensificam. A criança começa a ganhar mais segurança para correr, pular, escalar. E com isso começam também a aprender a cair, se machucar e levantar. Os “joelhos ralados” ensinam às crianças sobre os limites e potencialidades do seu corpo, sobre a capacidade de superar dificuldades, sobre os cuidados que devemos ter ao explorar cada ambiente. Sempre com muito acolhimento e carinho.
Na área de artes, a liberdade para exploração dos materiais, com suas diferentes cores, formas e texturas é bastante estimulada. E se sujar faz parte desse processo! A expressão gráfica estimula a criatividade, o início do processo de simbolização e o desenvolvimento da motricidade fina, que vai culminar no desenho da primeira célula e posteriormente na construção da escrita de grafemos, palavras, frases e textos.
As rodas de histórias, promovem a ampliação do vocabulário, do tempo de concentração, o desenvolvimento da imaginação, além de trazer elementos sobre a organização de pensamento da criança e a coerência no relato de suas representações. Despertam na criança o interesse pelo universo da leitura. Ainda na área repousante, jogos de encaixe, de pareamento, assim como fantoches que representem os diferentes temas propostos na construção do projeto escolar ou nas unidades elencadas no planejamento, enriquecem e são reunidas num espaço tranquilo da sala de atividades.
Na área da casa continuamos a colher elementos sobre o estágio de desenvolvimento social dos pequenos, a partir da observação da interação entre eles, dos conflitos e soluções vivenciados nos jogos de papéis cotidianos. Os blocos, animais e bonecos articulados ou estáticos, se transformam em cenários com fileiras, “ruas” ou caminhos em uma só dimensão e com o passar dos meses podem surgir pequenas torres e algumas vezes duas dimensões.
O jogo simbólico surge com força nas brincadeiras: a criança dramatiza situações cotidianas e brinca de faz-de-conta.
A música está sempre presente no cotidiano, estimulando a linguagem, a expressão corporal, a sensibilidade. A música também é um elemento importante para marcar as diferentes etapas da rotina diária, e para enriquecer os temas pesquisados.
De forma lúdica, conceitos de localização espacial, tamanho e tempo vão sendo introduzidos e construídos naturalmente. O contato com as cores, os números e formas também é estimulado pelo ambiente e pelas atividades propostas.
O desenvolvimento da autonomia em diferentes aspectos, a capacidade de fazer escolhas e tomar decisões, a interiorização de regras para a boa convivência social, a ampliação da concentração e da reflexão são objetivos centrais do trabalho a ser desenvolvido com as crianças nesta faixa etária.
“O desenvolvimento da autonomia em diferentes aspectos, a capacidadede fazer escolhas e tomar decisões, a interiorização de regras para a boa convivência social, a ampliação da concentração e da reflexão são objetivos centrais do trabalho a ser desenvolvido com as crianças nesta faixa etária.”
Cláudia Costa
Diretora Pedagógica da Catavento
Enfim, são inúmeras conquistas, em todas as áreas de desenvolvimento, em curto espaço de tempo. Por isso o Maternal é uma etapa tão especial da Educação Infantil, cheia de desafios e descobertas. Precisamos garantir que seja vivida de forma tranquila, sem pressa. Sabemos onde queremos chegar. Porém, mais importante do que a chegada, é a forma como caminhamos, é o processo. E nesse caminho, a parceria e a confiança das famílias é fundamental.
Agradecemos a todos que estão embarcando conosco nessa viagem. Temos a certeza de que viveremos momentos inesquecíveis!
Cláudia Costa (Diretora Pedagógica) & Daniela Santos (Coordenadora Pedagógica)