Dia 15/05, tivemos o prazer de receber a Psicóloga Clínica Soraya Jordão, que fez uma rica reflexão com as famílias que estiveram presentes no Espaço de Troca de 2018.
“Mas, sendo assim, que filhos formaremos? Se não conseguirem experienciar situações de frustração, insatisfação e obstáculo, certamente formaremos adultos frágeis, inseguros, ansiosos, sem empatia com o próximo, sem laços afetivos e solidários e inábeis para lidar com as situações adversas que a vida não se cansa de apresentar a todos nós.”
Soraya Jordão
Psicóloga Clínica
Abaixo, a psicóloga destaca alguns pontos importantes da sua palestra.
A falta faz falta?
“O objetivo desse questionamento é nos fazer pensar se realmente estamos ajudando nossos filhos a desenvolverem recursos e ferramentas para lidar com as frustrações do dia a dia.
Será que estamos permitindo que nossos filhos experimentem a falta, a insatisfação, o limite, a frustração, a espera como algo que se encara e se supera?
Considero extremamente importante pensarmos sobre isso, pois cada vez mais nos deparamos com crianças pequenas que relatam sentir tédio se estão privadas dos eletrônicos ou que preferem brincar sozinhas para não ter que fazer acordos ou correr o risco de perder.
É comum também presenciarmos ataques de cólera e agressividade diante de pequenas contrariedades. Além disso, cada vez mais, pais e professores relatam a dificuldade de adesão das crianças às tarefas cotidianas. Nota-se, com mais frequência, a desistência diante do menor obstáculo e a dificuldade de sustentar o interesse.
A inabilidade para lidar com as pequenas frustrações observada no comportamento de crianças em diferentes idades denota a urgência de nos perguntarmos se estamos sendo eficientes no propósito de prepará-las para os desafios do desenvolvimento ou se estamos educando para o excesso: excesso de prazer, excesso de alegria, excesso de atividades, excesso de felicidade, tudo isso pautado no excesso de presentes, de bonificações, de permissões e de facilitações que fazem com que nossas crianças acreditem no sucesso, na conquista, na felicidade dada sem nenhum suor.
Na minha prática clínica, diariamente, ouço crianças reclamarem da escola, da casa dos avós, dos passeios em família, porque sentem-se entediadas. Querem se entreter com os games em tempo integral. Na outra ponta, pais se queixam do desgaste diário para que seus filhos cumpram tarefas básicas como tomar banho e escovar dentes.
Diante disso, precisamos refletir: Será que não estamos criando um mundo de ilusão pautado na fantasia de que nossos filhos têm que ter tudo o que não tivemos?
Um mundo no qual nossos filhos sejam sempre vencedores e que nós, enquanto pais, não precisemos nunca nos frustrar dando limites a nossa majestade, o bebê?
Mas, sendo assim, que filhos formaremos? Se não conseguirem experienciar situações de frustração, insatisfação e obstáculo, certamente formaremos adultos frágeis, inseguros, ansiosos, sem empatia com o próximo, sem laços afetivos e solidários e inábeis para lidar com as situações adversas que a vida não se cansa de apresentar a todos nós.
Por isso, convoco-os a lembrar o que não tiveram, o que não ganharam, os passeios que não fizeram e os choros que choraram, porque isso certamente ajudou a cada um de nós a entender que é preciso desejar, lutar, insistir, planejar para vencer.
Sem isso, vivemos a esperar que o outro faça, traga, dê e diga o que devemos fazer para ser feliz. Sem isso, vivemos atrás da ideia ilusória de uma felicidade plena que não se alcança.
Prova disso, é o avanço exponencial dos casos de dependência química, depressão e suicídio na adolescência.
Sugiro que ensinemos diariamente que a vida por si só vale a pena! E como faremos isso? Comecemos por acreditar que a falta FAZ falta!”
“Obrigada pelo suporte que o colégio ofereceu ontem para que nós mães tivéssemos a oportunidade de participar do Espaço de Troca junto com a Soraya Jordão. Fiquei encantada com o tema e a forma que ela abordou tantos assuntos delicados e preocupantes ao mesmo tempo.”
Amanda
mãe do aluno Enzo Aguiar do Grupo 1
“A reunião foi maravilhosa. Parabéns a profissional e toda equipe do colégio. Muito obrigada pela parceria de sempre.”
Tatiana
mãe das alunas Laura do Maternal e Helena Sabino do Grupo 2