No dia 09/09, tivemos o nosso último Espaço Aberto com as famílias dos alunos do Ensino Fundamental em 2013.
A Coordenadora Clarisse Pessoa trouxe para este encontro uma reflexão a partir de um texto do Psicólogo Yves de La Taille sobre “Televisão, Violência e Infância”. A equipe da Catavento vem observando o crescimento das ações dos alunos de reprodução de gestos vinculados ao uso de armas e da utilização recorrente de temas relacionados à violência nas suas redações. Não podemos deixar de associar este fato à presença constante e até ao estímulo à violência que vem sendo produzido pela mídia.
Segue texto para aprofundamento das famílias que não puderam comparecer à reunião:
Televisão, violência e infância
YVES DE LA TAILLE
VAMOS diretamente ao ponto: sim, ou não, a presença de inúmeros programas de televisão contendo inúmeras cenas de violência levam as crianças a apresentarem, elas mesmas, comportamentos violentos? Penso que devemos, antes de mais nada, admitir que pouco sabemos sobre a influência da televisão sobre o comportamento das pessoas.
Não somente é extremamente difícil aquilatar tal influência (há tantas outras a que uma pessoa está diariamente submetida) como o fenômeno televisão é ainda recente e muito dinâmico (a TV dos anos 60 é bem diferente da de hoje, por exemplo). Logo, devemos abandonar qualquer veleidade de afirmar que a referida influência existe ou não existe, ou é de um certo tipo ou de outro. Mas tal prudência não implica adiar o debate, pois alguns conhecimentos psicológicos sobre o desenvolvimento da criança nos permitem fazer algumas hipóteses sérias.
Um primeiro dado diz respeito à presença ou ausência de tendência agressiva natural nos seres humanos. Ora, hoje admite-se que tal tendência existe. Logo, devemos descartar a hipótese de que a criança nasceria “boa”, “pacífica”, e que a probabilidade de ela entrar em conflito com outras pessoas e a vontade de agredi-las seriam só decorrências das influências de uma sociedade adulta violenta, má, que perverteria a natureza inocente das crianças.
Uma das tarefas da educação consiste, pelo contrário, em levar a criança a colocar limites aos comportamentos que traduzem sua agressividade e a canalizar essa para ações pessoal e socialmente produtivas. Portanto, parece-me errado afirmar que exemplos de violência, sejam eles dados por adultos de carne e osso ou apresentados em filmes e programas de televisão, tornam violentos seres que, sem esses modelos, seriam absolutamente pacíficos. Todavia, parece-me igualmente errado daí chegar à conclusão de que tais exemplos nada mais fazem do que referendar uma natureza bélica inevitável.
Um segundo dado deve ser lembrado: a infância é a época da construção da identidade, ou seja, da árdua tarefa de ir decidindo qual a melhor resposta para a pergunta “quem sou eu?”. Tal resposta é sempre valorativa no sentido de que as imagens que cada um tem de si remetem a categorias como bom, mal, desejável, indesejável, certo, errado etc. Em uma frase: ser é ser valor. Pois bem, nessa construção da identidade, os valores que a sociedade adulta preza e promove têm grande influência. E aqui reencontramos o tema da violência. A pergunta a ser feita não é se a violência está presente ou não nas manifestações culturais (na verdade, sempre esteve presente), mas sim como é interpretada do ponto de vista dos valores.
É justamente nesse ponto que pode-se falar em influência da TV nos comportamentos infantis. Se os programas, além de exacerbar sua presença, associam a violência a determinados valores positivos, eles aumentam a probabilidade de as crianças construírem uma identidade na qual os comportamentos violentos ocupam lugar central.
Ora, hoje, esse é o caso de muitos programas: o recurso à violência é apresentado sempre como legítimo, superior ao uso da inteligência, como único recurso para “resolver conflitos”, como fonte de poder e glória. Em resumo, assiste-se às vezes a uma sacralização da violência, que pode levar jovens a construírem sua identidade e seu orgulho em torno dela. Em compensação, pode haver programas que também encenam a violência, mas com significado moral bem diferente: em vez de ser sacralizada, ela é situada num conjunto de valores que a transcendem.
Para ilustrar o raciocínio, tomemos o personagem Zorro, cujos seriados eram muito populares décadas atrás. Zorro emprega a violência? Sim. Ele luta? Sim. Ele é forte? Sim.
Mas vamos pensar um pouco mais sobre esse personagem. Qual é o motivo de sua violência? Lutar contra a injustiça. Quando ele a emprega? Quando os recursos da inteligência não são mais possíveis. Que tipo de violência emprega? Aquela que visa neutralizar o adversário. Que recompensa há para a violência? Nenhuma do ponto de vista financeiro e também nenhuma (pelo menos direta) do ponto de vista da reputação ou da glória, já que o herói esconde-se sob o anonimato de um pacato fazendeiro.
Pois bem, se analisarmos muitos dos programas que hoje encenam a luta, a violência, teremos um quadro valorativo diferente. O motivo da violência é, frequentemente, aniquilar o outro, não porque é injusto, mas simplesmente porque fere interesses pessoais, porque ele representa o “não-eu”. A violência, traduzida pela força bruta de músculos e armas poderosíssimas, é apresentada como único e legítimo recurso. A violência não visa apenas neutralizar o adversário, mas sim destruí-lo por completo, matá-lo. E a recompensa é o poder e a glória.
É plausível pensar que o problema não é tanto a presença ou ausência de violência nos programas que é importante levar em conta, mas sim o tratamento ético dado a ela. A televisão não gera a violência, mas pode participar de um processo que a autoriza, a legitima, a glorifica.
Se hoje a violência tem aumentado na sociedade ocidental como um todo, não é apenas em razão das condições sociais (desemprego, exclusão social), mas também pelo fato de muitas pessoas a ela associarem sua auto-estima, sua identidade. Trata-se de um fenômeno cultural amplo, do qual a TV é apenas uma parte. Mas o fato de ela ser apenas parte do processo não a redime em absoluto. A dignidade impõe que ela reflita sobre seu papel social.
As atividades avaliadas e os boletins do 2o Período foram entregues pelos professores, que falaram um pouco sobre os conteúdos e o processo de cada turma.
Conversamos também sobre o Passeio de Integração, esclarecendo as dúvidas, e encaminhando os itens que devem ser levados para a viagem.
Nosso Passeio de Integração 2013 será no Hotel Fazenda Serra Castelhana, em um espaço tranquilo e aprazível, localizado na Estrada Real s/n – Palmital – Saquarema – RJ, com área verde e atividades recreativas em integração com a natureza.
Sairemos da escola às 10h do dia 25 de setembro com as Turmas 1C & 2A e do dia 26 de setembro com as Turmas 1A & 1B e retornaremos para a escola às 17h do dia 27 de setembro, em ônibus da empresa Útil. O pacote inclui café da manhã, almoço e jantar, e as atividades de lazer especificadas nas Circulares 072 e 073/13.
Informações Importantes:
1) Para o lanche, sugerimos que cada aluno/a das Turmas 1A&1B leve 2 mini-lanches e das Turmas 1C&2A 3 mini-lanches, que sejam de fácil acondicionamento na mochila individual da criança até a chegada ao Hotel.
2) Rol de roupas e objetos pessoais:
– 1 casaco para frio;
– 2 conjuntos de inverno (calça comprida e camisa de manga comprida);
– 2 conjuntos de verão ( short e camisa de manga curta ou camiseta);
– sunga, biquini ou maiô para o banho de piscina;
– roupão de saída da piscina ou similar;
– pijama ou camisola;
– 2 meias e 2 tenis;
– 1 sandália de borracha para piscina;
– uma fantasia para a Festa à Fantasia que faremos na boite do Hotel (Turmas 1C&2A);
– 3/4 calcinhas ou 3/4 cuecas;
– protetor solar, repelente e lanterna;
– necessaire com escova de dente, creme dental, escova de cabelo.
– shampoo, sabonete e condicionador
– 1 brinquedo ou jogo que caiba dentro da mochila ou da mala do/a aluno/a.
Observações:
*Cada aluno/a deverá levar no máximo 1 mochila de mão (com seus mini-lanches e carteira com dinheiro – máximo R$ 30,00 – para as despesas extras – refrigerante, picolé, lojinha do hotel, etc.) e 1 mala pequena (com suas roupas);
*Qualquer medicamento necessário para o/a aluno/a, deve ser entregue ao profissional responsável pela turma, acompanhado da respectiva prescrição e assinado pelo médico ou familiar responsável.
* Como o objetivo do passeio é promover a integração entre os alunos, não será permitido levar nenhum tipo de eletrônico.
Visite o site e conheça melhor as instalações: www.serracastelhana.com.br