Com seus 7000 m² de área verde, a Catavento sempre acreditou na importância do contato e do cuidado com a natureza para o desenvolvimento infantil. Mas, isso é só o começo do que a escola tem feito quando se fala em sustentabilidade.“Existe uma preocupação constante em trazer para o processo de aprendizado a questão do que é sermos sustentáveis: reciclagem, compostagem, reaproveitamento, reflorestamento, tudo isso faz parte do que é apresentado em nosso cotidiano escolar”, ressalta Clarisse Pessôa, coordenadora do Ensino Fundamental.
“Existe uma preocupação constante em trazer para o processo de aprendizado a questão do que é sermos sustentáveis: reciclagem, compostagem, reaproveitamento, reflorestamento, tudo isso faz parte do que é apresentado em nosso cotidiano escolar”.
Clarisse Pessôa
Coordenadora do Ensino Fundamental
Este ano, a Catavento está investindo ainda mais no assunto. Em parceria com a ONG Sustentarte e contando com o trabalho da coordenadora de artes Helena Costa, a escola vem promovendo um instigante projeto com os alunos das Turmas 1A, 1B, 1C e 2A.
Helena, que está se aprofundando no tema sustentabilidade, assumiu as atividades de reciclagem e compostagem com as Turmas 1A e 1B. Quinzenalmente, os assuntos são trabalhados por diferentes perspectivas e os alunos têm se interessado muito, diz ela. “Por ser um tema menos debatido, o processo da compostagem gerou grande curiosidade nas crianças, que participam com empolgação das atividades e já falam com os pais em casa”.
“Por ser um tema menos debatido, o processo da compostagem gerou grande curiosidade nas crianças, que participam com empolgação das atividades e já falam com os pais em casa”.
Helena Costa
Coordenadora de Artes
A Sustentarte, que está trabalhando com as Turmas 1C e 2A, é uma Organização sem Fins Lucrativos, que atua na área socio-ambiental, promovendo a educação e a sustentabilidade através da vivência da arte. Conheça um pouco mais deste trabalho na entrevista abaixo feita com o Gabriel da Cunha Lessa, coordenador do Projeto escola Floresta e Monitor Ambiental.
1. O que é, afinal, Sustentabilidade?
Basicamente, seria a capacidade ou habilidade de um sistema se auto-sustentar. Esse sistema são os recursos da natureza (serviços ambientais) tais como água, madeira, frutos, solo para plantio, etc., os quais sofrem extração ou exploração. Auto-sustentar significa que a atitude de exploração desses recursos é responsável, de maneira que a natureza seja alterada o menos possível e/ou possa se auto-recuperar, não prejudicando seus ecossistemas nem os seres vivos que dependem deles.
2. De que maneira o trabalho deste tema ajuda na formação das crianças?
Ao trabalharem com a natureza lidando com temas importantes como solo, água, vegetais, animais e consumo consciente, alternando atividades práticas, lúdicas e teóricas, as crianças criam uma visão de como tudo está ligado e, já que o ser humano tem um poder de alterar muito o ambiente com suas ações, eles entendem a responsabilidade deles enquanto parte da natureza.
3. Como acontece o trabalho? Vocês dizem que unem educação e Sustentabilidade através da arte. De que maneira?
Nosso projeto Escola Floresta é dividido em módulos/assuntos pertinentes ao conhecimento de como funciona a natureza para podermos cuidar dela melhor. Esse cuidado se expressa na construção de um viveiro sustentável (feito de cordas e bambu) o qual abrigará mudas de Mata Atlântica, que as crianças plantarão e cultivarão com a instrução de um monitor(a) do projeto. A união do conteúdo com a arte dá-se a partir da exploração da pintura, desenho, expressão corporal (dança, ritmos, música, cultura indígena,…) e brincadeiras que possam tornar lúdico o aprendizado ou aproximá-los do Meio Ambiente da forma mais natural possível.
4. Qual é o resultado que se observa nas crianças que trabalham este tema?
Quanto menores as crianças, mais rápido se percebe a mudança, pois elas se apropriam dessa vontade de proteger e ajudar a natureza com muita facilidade. Crianças por volta de 10 anos podem demorar um pouco mais, pois sua personalidade está quase formada. Contudo, elas se apropriam não só da vontade de proteger a natureza, mas também de todo o conhecimento que as cerca devido aos “por quês” e “comos” da curiosidade natural desta idade.
5. Como está sendo o trabalho na Catavento?
Está sendo incrível. Os alunos, na faixa entre 7 e 8 anos, já se apropriaram completamente desta ideia de ser sustentável! Eles cuidam do viveiro, prestam atenção na escala de rega das sementes, participam das atividades, tanto as poucas teóricas em sala de aula, quanto as lúdicas, próximas ao campo onde fica o viveiro. Eles contam o que fizeram em casa, como demoraram menos no banho ou como não jogam mais o lixo no chão. Mas isso se deve, também, à formação que essas crianças recebem em casa, ao estímulo e a metodologia que a escola aplica, sempre pondo em pauta a arte e o Meio Ambiente.
6. O que vai ser desenvolvido na escola?
Além das temáticas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável, o foco é o cultivo de mudas de Mata Atlântica pelas próprias crianças para um plantio no final do ano. Intercalando os cuidados com o viveiro com atividades lúdicas e práticas (pintura, desenho, bioconstrução com bambu, brincadeiras e gincanas, contação de histórias, danças, músicas, …) e algumas bases teóricas (o que é solo, como a planta cresce, por que a água precisa das florestas, por que precisamos dos animais, etc). O aluno toma consciência do mundo em que vive e como suas atitudes podem impactar negativa ou positivamente o planeta. Tudo é resposta do caminho que vai escolher seguir e o projeto visa dar a bússola e o compasso para que as crianças possam seguir o caminho para se tornarem cidadãos conscientes sobre a natureza.
7. Já é possível ver algum resultado?
Muitos resultados podem ser vistos nos alunos, na forma como eles se portam nas aulas ao participarem muito com várias perguntas e ao quererem cuidar do viveiro. Um exemplo interessante foi de um menino da Catavento da 2A que, após aprender a fazer na aula uma ecobomba (bomba de vida feita de barro, areia e água cheia de sementes dentro a qual, após ser jogada na natureza, espalha suas sementes) ele viajou para o seu sítio e ensinou seus amiguinhos a fazerem a ecobomba e eles as espalharam pelo sítio do avô. Foi muito espontâneo e o mais curioso é que os pais desta crianças estavam tentando fazê-lo sair do video-game e se conectar mais com a natureza. Essa recompensa não tem preço!