O que a tecnologia está fazendo?

O que a tecnologia está fazendo?

No Espaço de Troca com as famílias em 2017, o tema selecionado pela equipe foi “Tédio, ansiedade e desatenção: O que a tecnologia está fazendo com a sociedade?”. Assunto de extrema relevância nos tempos atuais.

O encontro aconteceu no dia 28/08 e o debate foi mediado pelas Coordenadoras da Educação Infantil Daniela Santos e do Ensino Fundamental Clarisse Pessoa, pela Diretora Pedagógica Cláudia Costa e pela Psicóloga Rita Melo. Já na entrada, a equipe recebeu os pais com a sugestão de deixarem os seus celulares na porta, que foi bem aceita.

Na ocasião, os pais dividiram suas dúvidas, angústias e reflexões sobre o momento atual e a Educação dos filhos. Uma rica troca.

“Foi muito bom!!! O tema foi super apropriado!!!”

Judite Vaz

mãe da Clara do Grupo 1 e do Davi Vaz da Turma 1A

Confiram abaixo os textos e vídeos que ajudaram a aprofundar o debate:

→ “Tecnologia não é a inovação da educação, e sim as escolas verdes”:

https://globoplay.globo.com/v/5861480/

→ Vídeo Porta dos Fundos – “Sem bateria”:

https://www.youtube.com/watch?v=JRjrCjSNrAg

→ “Zygmunt Bauman – sobre os laços humanos, redes sociais, liberdade e segurança”: 

https://www.youtube.com/watch?v=LcHTeDNIarU

→ “Are You Lost In The World Like Me”, by Steve Cutts: 

https://www.youtube.com/watch?v=l3wjcwTcfT4

→ Vídeo Porta dos Fundos “Excêntrico”: 

https://m.youtube.com/watch?v=2a0TnUMNkxs

 

REFLEXÕES SOBRE O WHATSAPP:

*Use sempre o canal correto: Situações acontecidas na escola, só podem ser esclarecidas pela equipe da escola. Os pais devem confiar na instituição que escolheram.

*A forma como cada família educa o seu filho não diz respeito à coletividade. O excesso de compartilhamento das vivências individuais tem gerado ansiedade, comparações, críticas, perda do bom senso e da autonomia de pensamento.

*Não use o whatsapp para resolver os problemas do seu filho. Assim ele jamais vai desenvolver autonomia, responsabilidade e capacidade de enfrentar dificuldades e consequências.

*Não tolere a fofoca virtual. O whatasapp muitas vezes se torna um lugar onde se disseminam notícias que não precisariam circular, por não corresponderem à  realidade ou por serem de caráter pessoal.

*Muitas vezes, situações relatadas fora de contexto ganham maior intensidade a partir dos comentários do grupo, gerando um alarde desnecessário  e contraproducente.

*Comentários sobre alunos não ajudam em nada, e muitas vezes só aumentam o estigma de crianças que já são estigmatizadas.

*Não fotografe as crianças durante a rotina escolar. O compartilhamento dessas imagens em grupos fere a privacidade das crianças e da instituição. Cabe somente à escola registrar as atividades mais significativas e selecionar as imagens que serão divulgadas através dos meios virtuais, pois somente a escola tem a autorização das famílias para esse tipo de divulgação.

*A relação escola-família, tão essencial para o desenvolvimento das crianças, tem sido abalada por essa ferramenta.

Pense nisso…

“Uma criança que agride não é, necessariamente, uma ameaça; um objeto que desaparece não é, necessariamente, resultado de um furto; um adulto que fica bravo não foi, obrigatoriamente, inadequado; uma frase tirada do contexto (coisa comum para uma criança que relata uma cena em casa) não quer dizer, literalmente, o que foi dito; uma família desorganizada temporariamente não deixa de amar e cuidar de seus filhos; uma provocação infantil não é sempre bullying. Precisamos ponderar, e quem pode fazer isso, com toda a propriedade, são os profissionais da escola escolhida pelas famílias para acolherem seus filhos!” (Mães e pais: precisamos conversar sobre o WhatsApp  – Posted on 18 de abril de 2016 by Escola da Vila  – Por Fernanda Flores)

 

◊ Leia também!!!

“Uso de tecnologia por crianças: benefício ou perda da infância?”

http://www.semprefamilia.com.br/uso-de-tecnologia-por-criancas-beneficio-ou-perda-da-infancia/

“Por que as crianças estão impacientes, entediadas e facilmente frustadas?”

http://www.psicoedu.com.br/2017/05/por-que-as-criancas-estao-impacientes-entediadas-frustradas.html

“Queria registrar que a troca foi excelente. Me fez pensar e prestar atenção ao que não percebia. Passar a saber um pouco mais sobre o que ignorava… Amei ainda mais o texto do Rubem Alves que nos foi dado de presente. Já o conhecia mas foi muito bom revisitar. Ele me fez pensar sobre as coisas que amo e que me definem e o quanto às vezes nos afastamos do essencial. Gostei de lembrar sorrindo que, como Pablo Neruda, uma vez também pensei em escrever um texto sobre o meu amor à cebola… Daí a vontade de escrever, compartilhar com vocês. Obrigada!!!”

Cristine Isensse

mãe do Antonio Machado do Grupo 3 e da Mariana, ex-aluna

Encerramos o encontro deixando a mensagem abaixo do psicanalista, educador, teólogo, escritor e poeta Rubem Alves, e algumas sementes de girassol.

Os Ipês-Amarelos

Por Rubem Alves

Uma professora me contou esta coisa deliciosa. Um inspetor visitava uma escola. Numa sala ele viu, colados nas paredes, trabalhos dos alunos acerca de alguns dos meus livros infantis. Como que num desafio, ele perguntou à criançada: “E quem é Rubem Alves?”. Um menininho respondeu: “O Rubem Alves é um homem que gosta de ipês-amarelos…”. A resposta do menininho me deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são aquilo que elas amam.

Mas o menininho não sabia que sou um homem de muitos amores… Amo os ipês, mas amo também caminhar sozinho. Muitas pessoas levam seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles gostam! Encantam-se com tudo. Para eles o mundo é assombroso. Gosto também de banho de cachoeira (no verão…), da sensação do vento na cara, do barulho das folhas dos eucaliptos, do cheiro das magnólias, de música clássica, de canto gregoriano, do som metálico da viola, de poesia, de olhar as estrelas, de cachorro, das pinturas de Vermeer (o pintor do filme “Moça com Brinco de Pérola”), de Monet, de Dali, de Carl Larsson, do repicar de sinos, das catedrais góticas, de jardins, da comida mineira, de conversar à volta da lareira.

Diz Alberto Caeiro que o mundo é para ser visto, e não para pensarmos nele. Nos poemas bíblicos da criação está relatado que Deus, ao fim de cada dia de trabalho, sorria ao contemplar o mundo que estava criando: tudo era muito bonito. Os olhos são a porta pela qual a beleza entra na alma. Meus olhos se espantam com tudo que veem.

Sou místico. Ao contrário dos místicos religiosos que fecham os olhos para verem Deus, a Virgem e os anjos, eu abro bem os meus olhos para ver as frutas e legumes nas bancas das feiras. Cada fruta é um assombro, um milagre. Uma cebola é um milagre. Tanto assim que Neruda escreveu uma ode em seu louvor: “Rosa de água com escamas de cristal…”.

Vejo e quero que os outros vejam comigo. Por isso escrevo. Faço fotografias com palavras. Diferentes dos filmes, que exigem tempo para serem vistos, as fotografias são instantâneas. Minhas crônicas são fotografias. Escrevo para fazer ver.

2017-08-30T13:18:41+00:00 30 de agosto de 2017|Categories: Reunião de Pais|Tags: , , , , |